Livro lançado em 2009 pela editora Bloomsbury na Inglaterra
e nos Estados Unidos, com sua versão em Português lançada no Brasil pela
editora WMF Martins Fontes em 2010. Trata-se de uma história em quadrinhos com
roteiro de Apostolos Doxiadis e Christos H. Papadimitriou com arte de Alecos
Papadatos e cores de Annie di Donna.
O livro trata acontecimentos desde a segunda metade do
século 19 até o início da era digital da perspectiva do filósofo e lógico
Bertrand Russel. Durante a trama, que trata de uma angustiante busca de Russel
pela verdade absoluta, este se encontra com vários outros pensadores como
Gottlob Frege, Ludwig Wittgenstein e David Hilbert. Em meio a vários conflitos
Russel insiste em sua obstinada missão que o leva à beira da insanidade, é
interessante a maneira como isso é tratado na história em quadrinhos, que torna
leve e acessível o entendimento de vários conceitos usualmente complicados.
A proposta de Logicomix é interessante para o contexto deste
blog, pois o livro consegue ser ao mesmo tempo um romance histórico e uma
introdução acessível a conceitos de lógica e filosofia matemática, além disso,
o formato de história em quadrinhos torna a trama atrativa até para os menos
interessados e menos informados sobre os conceitos tratados por ter uma
narrativa cativante.
O estudante de dezoito anos Ryan Chester ganhou US$400,000
por explicar a Teoria Especial da Relatividade neste vídeo na edição inaugural
do concurso Breakthrough Junior Challenge – uma competição internacional que
visa a inspirar a próxima geração de cientistas e divulgadores científicos. E não
é difícil entender o porquê ele ganhou este prêmio, Ryan conseguiu explicar uma
teoria que muitos, ao mesmo tempo que a admiram, possuem dificuldade em
acompanhar a partir de dois postulados. O primeiro deles, O Princípio da Relatividade, segue anexado em tradução livre.
“Quase todo mundo já ouviu falar da Teoria Especial da
Relatividade de Einstein, que foi algo realmente revolucionário, mas que não
precisa ser necessariamente complicado ou difícil de entender. Aliás, imagino
que nós mesmos podemos formular a teoria a partir de dois postulados. O
primeiro postulado diz o seguinte: “As leis da física são sempre as mesmas para
qualquer referencial inercial”. Um referencial inercial é sempre o que uma
pessoa “consideraria” estar em repouso, eu disse “consideraria” pois você
também poderia considerar que este referencial está em movimento em relação à
qualquer outro objeto no universo, ou seja, o seu ponto referencial é sempre
relativo! Uau, parece que estamos desenvolvendo a teoria da relatividade!
Einstein disse que as leis da física são sempre identicas para qualquer
referencial inercial, querendo dizer que este referencial nunca está aumentando
ou diminuindo a sua velocidade, mas por que que a velocidade sempre tem que ser
constante?
Isso é muito fácil de provar, sente em uma cadeira, coloque
um balde de pipoca em sua frente e apenas observe o comportamento das leis da
física.
Parece que nada está acontecendo...
Agora vamos fazer o mesmo experimento dentro de um carro em
movimento com as janelas fechadas. O que aconteceria caso a velocidade mudasse
drasticamente quando o motorista freasse fortemente ? De repente, as leis da
física começaram a se comportar diferente, mas quando o carro estava andando a
uma velocidade constante, não ocorria nada de diferente de quando eu estava
sentado na terra observando a pipoca.
Em ambos os pontos referenciais da terra e do carro em
velocidade constante a pipoca não se movia mesmo que a terra e o carro
estivessem em velocidades completamente diferentes. Até aonde eu posso dizer,
as leis da física estavam se comportando exatamente da mesma forma. Assim, nós
podemos concluir que o mesmo ocorreria para qualquer referencial em velocidade
constante [por exemplo, na lua e em marte que também estão em velocidade
constante] e nenhum outro tipo de referencial seria menos válido do que outro
desde que ambos tivessem esta característica.
E aqui está!
Nós acabamos de provar o primeiro postulado!”
O primeiro postulado foi apresentado a partir de alguns conceitos
fundamentais para a descrição de qualquer movimento de qualquer objeto, o
próximo postulado a ser apresentado na segunda parte vai abordar um caso
particular em que estes conceitos não se verificam: o movimento da luz!
Os matemáticos do século 21
desempenham uma atividade intelectual altamente sofisticada, que não é fácil de
definir. É claro que a matemática surgiu como parte da vida diária do homem, e
se considerando o princípio da seleção natural da sobrevivência do mais apto, a
persistência da raça humana com certeza tem uma de suas causas no
desenvolvimento do intelecto matemático.
A princípio as noções matemáticas de ordem,
grandeza e forma podem ter se originado mais com contrastes do que com semelhanças
– por exemplo, a diferença de quantidade entre um lobo e uma alcateia, do
tamanho entre um salmão e um tubarão ou da diferença de forma entre a lua cheia
e um pinheiro. Gradualmente, após uma massa de experiências sensoriais
caóticas, deve ter ocorrido a realização de analogias entre os diversos
fenômenos que possibilitou a percepção das semelhanças e, consequentemente, a
abstração e aquisição de conceitos. Retomando o exemplo anterior, a percepção
entre a semelhança de diferentes casos de contrastes de quantidade entre um
lobo e uma alcateia, uma ovelha e um rebanho e uma árvore e uma floresta deve
ter sugerido o que viria a ser o conceito de unicidade – ou seja, a ideia da
unidade.
De forma semelhante, a percepção de que certos
grupos possuem elementos que podem ser colocados em correspondência um a um – a exemplo dos pares, pode-se corresponder cada
mão a cada pé, olho, orelha, narina, mas não à boca, pois esta esta por ser
única não pode pertencer a categoria “par” – levou à aquisição da ideia de que
diferentes grupos podem estar inseridos debaixo de um conceito que revela o que
todos eles têm em comum: o seu número. Apesar de a ideia de número
apresentada parecer trivial, ela só se
tornou vigente depois de uma revolução na matemática no começo o século XX e
mesmo assim já não há mais garantias de existir um conceito de número seguro o
bastante para sustentar toda a atividade
matemática. Tal questão ilustra a dificuldade em se obter ideias que
muitas vezes parecem tão óbvias e evidentes, como o zero ou a ideia de um
número negativo, através da história da humanidade e de como os diferentes
conceitos influenciaram no desenvolvimento técnico-científico e na filosofia de
cada época.
Dessa forma, este blog pretende trazer
uma série de artigos sobre matemática, porém, a ideia é apresentar esta matéria
por meio do seu desenvolvimento histórico demonstrando os seus problemas e as
suas trocas de paradigma para trazer luz sobre uma disciplina tão presente em
nossas vidas mas que acaba sendo obscurecida pela atividade obsessiva de
resoluções de problemas que os estudantes são submetidos no período escolar
visando os vestibulares. Ao mesmo tempo, espera-se que este blog seja um
motivador para quem pensa em seguir uma carreira em ciências exatas ao mostrar
que o estudante também faz parte do desenvolvimento de uma faceta fundamental
da história e da filosofia ao aprender, aplicar e desenvolver conceitos que
servirão de ferramentas para a resolução de problemas nas áreas de ciência,
engenharia e economia.